
O mito grego de Guanimedes, o jovem semideus grego raptado pela águia de Júpiter, é essencialmente o mito de Aquários. O homem que vive na superficialidade de uma existência terrestre material e ilusória, que caminha numa horizontalidade cega e sem rumo, debate-se agora num vazio espiritual, num vácuo onde a vida comum perdeu todo o seu sentido, e, de dentro desse vácuo o seu coração é agarrado pela era aquariana e arrastado para a verticalidade que conduz para as alturas da iluminação e da verdadeira Iniciação. Essa verticalidade que desce das alturas rapta-o para o elevado mundo dos Anjos divinos, para o mundo das Asas Imperecíveis, para o ar e para o espaço solar distante e luminoso. A águia de Júpiter conduz o raio do poder daquele deus grego.
Ela toma Guanimedes pela cabeça e pelos cabelos, ou seja, eleva-o até o mundo dos deuses imortais através da mente e de suas faculdades. O raio de Júpiter que a águia porta nas garras faz a mente de Guanimedes tornar-se um lago de luz, um oceano de faculdades e dons iluminativos. O homem de Aquários certamente anseia por um contato direto e vertical com a Verdade. Se os pés da águia não tomam a sua mente para leva-la até a genuína instrução libertadora, ele sente-se vazio, sedento, pouco preenchido por dentro. Doi-lhe uma dor de alma, uma dor de peito, de coração, que
o faz olhar ao redor com inquietação, e dá-lhe a certeza intuitiva de não ter ainda encontrado a Senda espiritual, de estar, ainda, apesar dos anos de pesquisa e peregrinação no mundo inferior, em plena busca dela.
Essa sensação é tipicamente aquariana. Aliás, um dos símbolos de Aquários é um vaso jorrando água, o que nos faz lembrar da frase taoísta: "O Tao é um vaso vazio vazando". Anos de banco na escola de ordens semi-esotéricas tornam-se, às vezes, para o homem aquariano, um vaso vazio, sem o Tao, sem a essência da Verdade. Quando o Tao aparece perante Aquários, o vazo vazio passa a vazar, a transbordar com o líquido do Graal, e Guanimedes, o homem que busca a Senda, para de rodear a horizontalidade da Terra, e voa rumo a verticalidade da Luz Solar. Assim, saindo
da horizontalidade e penetrando a verticalidade, o homem aquariano traça em seu sangue, em seu próprio ser, a cruz luminosa do Cristo.
Aquário, O Aguadeiro, é o garçom dos deuses. O zelador da água potável (em mitos mais antigos). Um dos signos do zodíaco que já nasce com função social.
Antes de Ganimedes, os egípcios tinham lá também o seu Deus que derramava água ao encher o Rio Nilo e salvava, assim, toda a tribo da inanição. Aquário, como vimos, é o Aguadeiro que serve o ‘bem-bom’ aos deuses do Olimpo. O signo de Aquário já nasce com uma função: o de servir e o de zelar a água e o néctar dos deuses, o de servir e o de zelar a água, o néctar dos homens.